Fotos: Reprodução/Mariano da Rocha chega a Santa Maria em 1960, festejando a aprovação da criação da universidade de Santa Maria
Assim como milhares de jovens que entraram na UFSM sedentos por aprender, quando passei no vestibular e comecei a circular pelo campus da universidade, em 1995, eu cruzei várias vezes pelo Doutor Mariano e a esposa Maria Zulmira, que ainda mantinham uma sala no 5º andar do prédio da Reitoria. Eu, com 17 anos, ficava admirado e feliz por ver ali o visionário fundador da universidade ainda convivendo com os jovens e a maravilha que ele conquistou para a cidade, com a ajuda de muita gente.
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Talvez pela minha timidez, nunca tive a coragem de pará-lo para agradecer - no máximo, a gente o cumprimentava e trocava algumas palavras. Mas temos, sim, de agradecer por seu espírito empreendedor e comunitário - seu feito é ainda maior porque, na época, ele era um professor do interior do Brasil, que não tinha poder nem dinheiro, mas graças à articulação política e insistência, conseguiu convencer o governo JK a criar a UFSM. Santa Maria e a região seriam totalmente diferentes hoje se Doutor Mariano não tivesse essa ideia genial de criar aqui uma universidade e, principalmente, se não tivesse trabalhado duro e batalhado muito para que esse sonho virasse realidade - claro que não fez tudo sozinho, claro que foi com verbas públicas, mas nada disso teria saído do papel se ele não tivesse tido essa ideia "maluca" (no bom sentido).
Temos de agradecer ao Doutor Mariano da Rocha, ou seu Marianinho, também porque ele poderia ter se contentado em apenas ser médico e tido uma bela carreira na Medicina, talvez podendo ter mais tempo livre e desfrutado mais da vida. Mas ele foi obstinado por levar seu sonho adiante, que virou o sonho de Santa Maria e das dezenas de milhares de jovens que passaram pela UFSM e tiveram suas vidas mudadas para sempre.
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Boa parte dos jovens que estão entrando agora na universidade nem era nascida em 1998, quando o fundador da UFSM, José Mariano da Rocha Filho, morreu. Para eles e para os que virão, Mariano passará a ser apenas um nome distante, como outros que lemos nos livros de história. Porém, é importante ressaltarmos que o Doutor Mariano da Rocha não é e não será um nome qualquer na história da cidade. A luta dele mudou Santa Maria para sempre. Por tudo isso, MUITO OBRIGADO, DOUTOR MARIANO!
Nos últimos 20 anos, Santa Maria ganhou uma "2ª UFSM"
São de impressionar os números trazidos pela bela reportagem de ontem, das colegas Joyce Noronha e Pâmela Rubin Matge, que registrou o crescimento da UFSM nesses últimos 20 anos desde que Mariano nos deixou. Em 1998, a universidade tinha 12.656 alunos, 110 cursos e 1.215 professores, enquanto atualmente são 27,6 mil alunos, 268 cursos, 1,9 mil professores e 2,7 mil servidores técnico-administrativos em educação. Na prática, dá para dizer que Santa Maria ganhou uma segunda UFSM de 1998 para cá, pois a universidade mais do que dobrou de tamanho.
Essa expansão, a maior parte dela nos governos Lula e Dilma, que aproveitaram o bom momento da economia do país após o Plano Real e a estabilização da inflação, fortaleceu ainda mais Santa Maria como cidade universitária, gerando também mais desenvolvimento econômico para a cidade. Houve, sim, um grande salto, apesar de a expansão ter tido alguns percalços, como a criação de alguns cursos com baixa procura ou que formam profissionais com difícil colocação no mercado do trabalho. Como já disse outras vezes, acredito que seria mais importante e produtivo, primeiro, ter investido pesado na educação básica, mas qualquer investimento em educação é válido.